NÃO VI... MAS LI
Eu li nas páginas de uma escritura
Que na terra viveu uma criatura
Que reimplantou orelha decepada;
Fez entrevado andar em disparada
E cego enxergar perfeitamente!
Não usava drogas nem suturas,
Fazia milagrosas curas
Mencionando um “Pai Onipotente”!...
É que Deus ali... fazia-se presente!
Na sua cotidiana lida,
Fez morto retornar à vida...
E os remédios?... Eram rezas e mais nada!
Andou sobre as águas como plena estrada
Apontando a fé por tal magia;
Transformou tempestade em calmaria
Num toque de magia inigualada
Mencionando um “Pai Onipotente”...
É que Deus ali fazia-se presente!
Eu li também sobre os pães que Ele aumentou,
Sobre a água pura que Ele transformou
Em vinho igualmente puro e saboroso!
Também curou os males de um leproso.
Eram milagres como de costume!
Num mar sem peixe fez brotar cardume
De grandeza estranha e diferente,
Sempre mencionando um “Pai Onipotente”
É que Deus ali... fazia-se presente!
Por que não seguirmos o mesmo caminho?...
Tirando d’alma a mais profunda prece,
Aumentando a parcela de carinho
Que minimiza a dor de quem padece!
Por que não transformarmos ódio em amor?...
Naquele feitio próprio do “Senhor”
Clamando pelo “Pai Onipotente”!...
Será um milagre certamente
Em que “Deus” ali... se fará presente!
Moacyr Ayres da Siqueira
Poesia publicada na Quarta Antologia da Academia Gaúcha dos Poetas de Cordel, Porto Alegre, 2014.